Esta é a competição mais importante
do país, classificada como 2HC e por isso, recheada de grandes equipas do
pelotão mundial. E como não podia deixar de ser a equipa da casa, a
toda-poderosa Radioshack, que tinha como único objectivo vencer, trazendo com
alguns dos mais fortes atletas do grupo.
Começou com um prólogo de 2,5 km. A
partida poderia até ser boa para as minhas características, não fosse o
percurso ter 1km em plano, 1km em descida e uma autêntica parede de 500mts em
paralelo, que chegava a ter mais de 15% de inclinação. Ainda assim as pernas
pareciam responder bem, aquando do aquecimento, mas uma crise alérgica que me
atacou na véspera do inicio da prova não me beneficiou em nada.
A primeira etapa contava com 180
quilómetros e 2300 metros de desnível. Uma fuga logo de inicio de apenas 2
ciclistas e a equipa da Saur – Sojasun, que tinha a camisola amarela, a
controlar a etapa. Apesar do desnível, acabou por ser discutida ao sprint num
pelotão compacto e ganha por André Greipel. Tive boas sensações durante todo o
dia e tentei fazer uma boa chegada, a velocidade era alucinante e o contacto
físico era inevitável. Numa chegada louca, acabo em 19ª posição. Penso que
poderia ter feito um pouco melhor, mas a colocação na última curva foi
determinante e não arrisquei em demasia.
183 quilómetros, um percurso e uma
historia de etapa muito idêntica ao dia anterior. Novamente numa chegada “quase
ao sprint” pois uma pequena colina, a 400metros da linha de meta, fez com que
André Greipel vencesse com alguma facilidade junto a um pelotão que chegou “em
fila”.
A etapa rainha era constituída por
7 prémios de montanha, 205 quilómetros e pouco mais que 3000 metros de desnível.
Quem pensa que no Luxemburgo não há subidas, acredite que todos os dias eram
bastante duros! A Radioshack não queria desiludir e, por isso mesmo, desde o
início marcou um ritmo desconfortável, para que na fase final, com as 3
passagens no Col’ de Europe podessem fazer a diferença. E assim foi, Kloden,
Frank e Fulgsang atacaram e só Wout Poels (Vacansoleil) os conseguiu acompanhar
e ainda vencer a etapa. Fulgsang assumia a liderança da prova. Eu sofri a bem
sobrer e quando vi um grupo formado pelo camisola amarela, Greipel e companhia,
achei melhor seguir tranquilamente com eles e guardar um pouco para o dia
seguinte.
Ao contrário do que eu pensei, o
último dia tornou-se um autêntico “filme de terror”. Chuva, vento e frio, 100
quilómetros e mais um circuito citadino de 7 voltas, com descidas em paralelos
molhados e estradas estreitas que contabilizaram mais 50 quilómetros e mais
2800 metros de desnível. E para “ajudar” ainda contei com um furo na roda
traseira e, mais tarde, à entrada do circuito final, com a corrente partida. Já
sem carro de apoio, tive de fazer os 50 quilómetros numa bicicleta do “apoio
neutro” da Shimano, e como cereja no topo do bolo, tinha pedais Shimano, que ao
contrário de mim, uso pedais Look, e claro está, os pés não “prendiam”. Só
podia fazer força para baixo e ter cuidados triplicados nas descidas de
paralelos. Sim foi uma aventura!!! E apesar de terminar no 59º lugar (apenas
terminaram 60 ciclistas), penso que fiz o melhor que consegui, ajudando os meus
colegas sempre que foi necessário e terminada a minha primeira Volta ao
Luxemburgo, quando à partida nem era para participar!